terça-feira, 28 de abril de 2009

Está Ficando Perigoso Residir na Zona Rural

Isolada pela distância, precariedade das estradas e falta de policiamento, a zona rural está se tornando um ambiente perigoso para se viver. É crescente a ação de bandidos nos sítios, fazendas e estradas regionais. E uma das vias mais visadas pelos assaltantes é a que liga Piancó a Aguiar, onde já foram registrados dezenas de crimes contra o patrimônio, o mais recente dos quais no último dia 6 quando dois elementos levaram oito mil reais de um motorista que faz a linha entre as duas cidades.
Outro fato recente ocorreu no sítio Castelo, município de Boa Ventura, na madrugada da sexta-feira, 17, quando elementos invadiram uma tecelagem do senhor Nelsinho Henriques e levaram 19 mil reais em cheques e promissórias de clientes. No final do mês passado, uma residência do sítio Lagoinha, município de Conceição, foi invadida por dois homens armados. Depois de espancarem a família, os elementos levaram uma moto e aparelhos de telefone celular da residência.

Nos últimos cinco anos tem crescido o número de assaltos, roubos, furtos e estupros na zona rural do Vale. Por ser uma área pouco habitada e de difícil acesso, o que dificulta uma ação rápida da polícia, os sítios estão se tornando alvo preferencial dos bandidos.

Na área rural de Itaporanga, por exemplo, têm sido registrado com freqüência furtos, roubos e até um latrocínio já ocorreu. Foi há dois anos e sete meses no sítio Várzea do Boi. Dois elementos, um dos quais menor de 17 anos à época, invadiu a casa do agricultor Zeferino Antônio de Freitas, de 56 anos, do qual roubaram uma TV e uma arma antes de matá-lo a golpes de faca. Morando sozinho e sem vizinho próximo, o homem não teve escapatória.

A zona rural de Santa Inês é uma das mais violentas: no dia 9 de agosto do ano passado, bandidos invadiram duas residências no sítio Altinho e levaram quase vinte mil reais dos agricultores Francisco de Assis Marinho e Ivanildo Holanda Marinho. Eles e seus familiares foram amarrados pelos criminosos. Outro crime brutal foi registrado no sítio Capim, em janeiro deste ano, quando a viúva Ana Furtado de Olanda, de 56 anos, teve sua casa invadida durante a madrugada. O homem feriu ela e duas netas antes de estuprar e matar sua filha, de apenas 14 anos.

No município de Ibiara, além de furtos e roubos, também há registros de estupros. Um dos casos que mais repercutiu ocorreu no final de 2007 no sítio Barra de Cabaças. Uma estudante de apenas 15 anos foi violentada sexualmente. O autor do estupro, o agricultor Elton Miguel Leite, trabalhava para o pai da vítima.

Violência sexual também na zona rural de Diamante. O caso ocorreu no sítio Pombinho em junho do ano passado. A menor P.R.B., de apenas 11 anos, foi estuprada pelo próprio padrasto, o agricultor José Cleudo de Moura. Ao tomar conhecimento do fato, a mãe da criança foi até a cidade para denunciar o fato à polícia e, quando retornou para casa, o homem havia raptado a menor, mas horas depois a menina conseguiu se desvencilhar do agricultor, que foi preso dias depois em um sítio do município de Ibiara.

Em 15 de janeiro deste ano, dois elementos invadiram uma casa da fazenda Maracujá, município de Santana dos Garrotes, e furtaram várias armas. O proprietário não se encontrava na casa. A dupla foi presa e as armas recuperadas.

A área rural de Conceição é a que mais tem registrado casos de violência nos últimos dez meses. Em novembro do ano passado, no sítio Poço da Pedra, o idoso João Batista Alves, de 94 anos, e seu filho, Expedito Alves de Deus, de 61, foram vítimas de roubo e agressão física. Armado com um facão, Elton Amorim Batista, de 25 anos, invadiu a residência, espancou pai e filho e levou a quantia de 150 reais.

Um fato ainda mais grave ocorreu no sítio Celeiro no mês passado. O agricultor Cícero Jeilton Amâncio da Silva, de 25 anos, foi vítima de latrocínio. Depois de tomar 900 reais e a moto do homem, os bandidos mataram-no a golpes de punhal. O caso está sendo investigado e um dos acusados está preso: é o também conceiçoense João Paulo Olegário dos Santos.

Casa invadida: família roubada e espancada

Este é o título de mais um assalto na zona rural conceiçoense este ano. O agricultor José Roberto Simão da Silva e sua família viveram momentos de terror nas mãos de dois assaltantes no começo da noite do sábado, 21 de março.
O agricultor mora com a mulher e três filhos, com idades entre 9 e 14 anos, no sítio Lagoinha, a pouco mais de dez quilômetros de Conceição. Os dois homens armados com pistola invadiram a residência e espancaram José Roberto e sua mulher.

“Eles bateram muito em minha esposa e só não me mataram porque minha filha, que tem 14 anos, chorou e pediu muito para que não me matassem”, contou emocionado o agricultor durante conversa com a reportagem da Folha.

Conforme ainda a vítima, um dos elementos estava de capacete e o outro usava um boné. Para que não reconhecesse a dupla, o agricultor era obrigado a permanecer olhando para o chão enquanto era agredido.

“Um deles não falava nada, por isso eu desconfio que deve ser gente conhecida”, supôs José Roberto, ao informar que o sítio onde mora é deserto e não há residências próximas à dele: “eu vou sair de lá porque eles disseram que, se eu ficasse, voltariam para me matar”.

Apesar de toda brutalidade dos bandidos, a esposa do agricultor, Maria do Socorro Heleno da Silva, conseguiu fugir com as crianças para o mato. Os assaltantes levaram uma moto e três celulares da família.

Após a saída dos bandidos, José Roberto Simão levou sua família para a residência do vizinho mais próximo e correu três quilômetros a pé até a casa do pai, de onde, através de um celular, acionou à polícia. Policiais militares fizeram diligências, mas não conseguiram capturar a dupla. O caso está sendo apurado pelo delegado Cristiano Santana.

Uma semana depois do fato, a moto foi encontrada nas proximidades do povoado de Mata Grande, mas os elementos que aterrorizaram José Simão e sua família ainda não foram identificados. Com gente tão perigosa solta, as famílias da zona rural de Conceição devem ficar atentas.

Folha do Vale

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